E também será como um homem que, ao sair de viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com sua capacidade (...)

(Mateus 25:14-15 – NVI)

    “Já viu elefantes se apresentando num circo? Ele tem uma força incrível; no entanto podem ser contidos penas por uma corda ou corrente, presa a uma estaca introduzida no solo e, mesmo podendo se livrar facilmente, eles aceitam o limite imposto pela corda. Perguntei a um dos tratadores a respeito disso e ele me explicou que, quando um elefante é ainda jovem, é preso a uma estaca forte; depois de puxar e forçar a estaca sem nenhum resultado, o animal passa a achar que não há condições de se libertar e acaba ficando condicionado a essa situação limitadora”.2

O Reflexo Condicionado:

    No final do século XIX e no início do século XX, um fisiologista russo chamado Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), ao estudar as funções do sistema gastrointestinal através de uma série de experimentos com cães, fez uma das grandes descobertas científicas da atualidade: o reflexo condicionado. Foi uma das primeiras abordagens realmente objetivas e científicas ao estudo da aprendizagem e do condicionamento, principalmente porque forneceu um modelo que podia ser verificado e explorado de inúmeras maneiras, usando a metodologia da fisiologia. Pavlov inaugurava, assim, a psicologia científica, acoplando-a à neurofisiologia. Por seus trabalhos, recebeu o prêmio Nobel concedido na área de Medicina e Fisiologia em 1904.

     O ponto interessante a ser considerado através deste fenômeno é que o reflexo condicionado, como o próprio nome sugere, impõe um fator limitador, o qual gera como resposta uma atitude que, em muitos casos, não pode mais ser modificada, como ocorre entre animais treinados, onde se utilizam as bases fisiológicas do reflexo condicionado (estímulo positivo -
resposta satisfatória -
recompensa/reforço). Muitas pessoas, ao longo da vida, quer por influência de uma educação repressora ou devido a traumas associados a experiências frustrantes, bem como à falta de motivação e estímulos adequados, acabam adquirindo atitudes e comportamentos limitadores, deixando de exercitar e desenvolver seu potencial criativo, talentos e habilidades inatas (pois todos nós nascemos com dons e talentos que precisam ser descobertos e desenvolvidos durante a vida). Isto é particularmente importante em relação à igreja e aos diversos ministérios que Deus, através do Espírito Santo, quer distribuir entre os membros do Corpo de Cristo, como bem exemplificou o próprio Senhor Jesus, na Parábola dos Talentos (Mateus 25:14-30). A atitude de muitos cristãos tem sido a de esconder (enterrar) os talentos recebidos, deixando de desenvolvê-los, como nos ensina o apóstolo Paulo, em sua epístola aos Efésios: 11 E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado (Efésios 4:11-12 - NVI). Neste texto Paulo declara que o próprio Jesus Cristo, segundo sua graça (Efésios 4:7,11), concedeu dons e ministérios aos membros do seu corpo (a igreja), estabelecendo os ofícios (funções eclesiásticas) de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (vs. 11), com a finalidade de preparar (aperfeiçoar, treinar) os santos (a membresia da igreja – todos os membros de uma igreja local), para o desempenho adequado de suas funções. É a mesma condição que profissionais e empresas da atualidade buscam de forma continuada: excelência e qualificação frente às exigências sempre crescentes da sociedade contemporânea. Este princípio encontra aplicação tanto na sociedade secular quando na vida eclesiástica (da igreja), pois Jesus Cristo tem nos chamado, escolhido e capacitado, como membros do seu corpo, para desempenharmos serviços e ministérios, tendo em vista a edificação da igreja e o serviço cristão na sociedade. Desta forma, precisamos descobrir e desenvolver nossas potencialidades (dons, talentos, vocações, paixões e estilos pessoais), para nos tornarmos o que Deus planejou que nos tornássemos, a fim de realizar o que Ele projetou para que realizássemos.

    Na epístola aos Filipenses o apóstolo Paulo retoma o tema do aperfeiçoamento e capacitação, usando a expressão (...) ponham em ação a salvação de vocês (...) (Filipenses 2:12 - NVI). Este mesmo texto, na versão ARA4, é traduzido por (...) desenvolvei a vossa salvação (...). A palavra desenvolver neste contexto, pode ser entendida como “aumentar, produzir, melhorar, progredir, aperfeiçoar”; no entanto, se observarmos a sua etimologia (origem), ela é formada pela união de duas palavras (des + envolver), significando descobrir o que estava envolvido ou encoberto. Ou seja, precisamos descobrir nossas vocações e habilidades, eliminar os fatores que impedem ou limitam sua expressão e manifestação e aperfeiçoá-las, através do estudo e da prática, tendo em vista que tudo o que fazemos tem por finalidade glorificar o nome de Jesus Cristo (I Coríntios 10:31) e abençoar a sociedade através do exercício do amor fraternal e do serviço cristão (Atos 10:38; Colossenses 1:13; I Pedro 2:9).

Tópicos – Desenvolvendo potencialidades:

1. DEUS PLANEJOU E CRIOU CADA DETALHE DA NOSSA ESTRUTURA:
- Salmo 139: 13 a 16 (Física – desenvolvimento embrionário/fetal);
- Salmo 33: 13 a 15 (Mental – mente/alma/emoções);
- Zacarias 12:1 (Espiritual – formação do espírito);

2. DEUS NOS CRIOU COM UMA MISSÃO (PROPÓSITO, VOCAÇÃO):
- Lucas 19:11-27 (Parábola das “minas”);
- II Coríntios 5:18-20 (Ministério da Reconciliação);

3. DEUS NOS DEUS HABILIDADES E CAPACITAÇÕES ESPECIAIS PARA
SERVÍ- LO:
- Atos 1:8 (“Poder, Virtude”);
- Romanos 12:3-8; I Coríntios 12, 13 e 14; Efésios 4:11; I Pedro 4:10-11
(dons pessoais, espirituais e ministeriais);

4. DEUS QUER QUE FAÇAMOS O MELHOR COM O QUE TEMOS DE MELHOR:
- Salmo 45 (habilidades artísticas);
- Salmo 33:2,3 (habilidades artísticas);
- Esdras 7:6,10 (estudo, erudição);
- Daniel 5:11,12 / 6:3 (inteligência, sabedoria);
- I Timóteo 3:1 (qualificações);

5. PRECISAMOS IDENTIFICAR E ELIMINAR TODOS OS FATORES LIMITADORES:
- Hebreus 12 (Pecado);
- Jó 3:25 (Pessimismo, Negativismo);
- Salmo 73 (Asafe - Depressão);
- Juízes 6:11-15 (Gideão – Baixa auto-estima);
- Salmo 112:7 (Medo das circunstâncias);

6. SEMPRE NOS TORNAMOS NAQUILO QUE ACREDITAMOS:
- Provérbios 23:7 (precisamos crer que Deus fará maravilhas em nós e através
de nós);

7. DEUS NÃO IMPÕE LIMITES EM NOSSOS MINISTÉRIOS E REALIZAÇÕES:
- Isaías 54:1-4 / Filipenses 3:13-14.

Notas: (1) NVI – Bíblia Sagrada / Nova Versão Internacional; (2) Adaptado do livro “Faça de sua igreja
uma equipe”. Waine Cordeiro. Editora Danprewan, capítulo 4; (3) Disponível em:
https://www.cerebromente.org.br/n09/mente/pavlov.htm; (4) (Bíblia Sagrada / Versão Almeida, Revista e Atualiza);

Dr. Douglas Presotto
Pastor da Igreja Presbyteriana “Templo da Paz” – Americana/SP
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(autorizado o uso e reprodução, desde que citada a fonte)